domingo, 20 de abril de 2014

RELIGIÃO

Quer matar uma religião? Espalhe ela como um conjunto de palavras, de explicações sobre os mistérios e sobre a morte.. Espalhe ela como um manual para lidar com adversidades e pra justificá-las. As pessoas vão gostar de ouvir explicações sobre os mistérios e vão gostar de não ter que pensar mais sobre eles. Essa religião vai ganhar muitos adeptos, mas vai ser morna e vazia! Do jeito que todos querem que sejam as religiões: Uma explicação para colocar na gaveta, ou então, simples adorno para o mundo de aparências. As pessoas tem transformado as religiões nisso.
Uma religião de verdade tem que ser vivenciada, tem que ser transformadora, tem que ser uma pedra no sapato, ou não é religião.
Pra que algo novo possa nascer ou ressurgir, o velho tem que morrer. As nossas velhas estruturas tem que ruir, caso contrário não há transformação.

Feliz Páscoa




A borboleta no casulo

Um dia, uma pequena abertura apareceu em um casulo; um homem sentou e observou a borboleta por várias horas, conforme ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco.
Então  pareceu que ela havia parado de fazer qualquer progresso.

Parecia que ela tinha ido o mais longe que podia, e não conseguia  ir  mais. Então o homem decidiu ajudar a borboleta: ele pegou  uma tesoura e cortou o restante do casulo.  A borboleta então saiu  facilmente. Mas  seu corpo estava murcho e era pequeno e tinha as asas  amassadas.
O homem continuou a observar a borboleta porque ele esperava  que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e esticassem para  serem  capazes de suportar o corpo que iria se afirmar a tempo.

Nada aconteceu! Na verdade, a borboleta passou o resto da  sua vida rastejando com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar não compreendia, era que o casulo apertado e o esforço necessário à borboleta para  passar através da pequena abertura era o modo com que a natureza fazia com  que o fluido do corpo da borboleta fosse para as suas asas, de modo que ela estaria  pronta para voar uma vez que estivesse livre do casulo.

Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em nossa vida. Se passássemos esta nossa vida sem quaisquer obstáculos, nós não iríamos ser tão  fortes como poderíamos ter sido.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

COMENTÁRIOS SOBRE O FILME “DEPOIS DE MAIO” DE OLIVIER ASSAYAS

Uma abordagem sobre o pós-Maio de 1968 e sobre as repercussões do palco revolucionário no cotidiano, principalmente dos jovens, em uma época imediatamente posterior.


O nome do filme refere-se aos movimentos revolucionários e ao ativismo de esquerda que ocorreram na França em maio de 1968, os quais tiveram início a partir de uma greve geral que acabou atingindo proporções revolucionárias, mas que foi freada pelo Partido Comunista Francês, de orientação Stalinista, e suprimida pelo governo, que acusaram os Comunistas de tramarem contra a República.
Na época, greves estudantis ocorreram em
universidades e escolas de ensino secundário em Paris, havendo confrontos com a administração e com a polícia. Após duras ações policiais sobre essas greves, o conflito aumentou e acabou culminando na greve geral de estudantes e em greves com ocupações de fábricas em toda a França, às quais aderiram dez milhões de trabalhadores, aproximadamente dois terços dos trabalhadores franceses. Os protestos chegaram ao ponto de levar o general de Gaulle a criar um quartel general de operações militares para obstar à insurreição, dissolver a Assembléia Nacional e marcar eleições parlamentares para 23 de Junho de 1968.

O significado que esses movimentos adquiriram não se restringiu a seus objetivos políticos. Politicamente os movimentos de 1968 acabaram fracassando com a reeleição de Gaulle. Entretanto os movimentos de 1968 repercutiram em vários países influenciando outros movimentos estudantis. A França controlou os movimentos estudantis, mas as ideias revolucionárias perduraram e influenciaram estudantes de várias partes do mundo. Os slogans dos jovens franceses, como é proibido proibir e prazer sem restrições tiveram um grande apelo para a juventude ocidental.


Pode-se afirmar que as mudanças pós 1968 foram mais sociais do que políticas. Mudanças sociais e de valores ocorrem a partir de 1968 no nível da vida cotidiana dos jovens. Muitos jovens viam os eventos como uma oportunidade para sacudir antigos valores, através da contraposição de ideias sobre a educação, a sexualidade e o prazer.
O filme se passa na França em torno de 1971, em Paris, como mostra o letreiro inicial. A pretensão do filme é analisar o engajamento dos jovens e a “atmosfera” do lugar em um período imediatamente posterior a Maio de 1968, vivenciando as transformações decorrentes de 68 e a reverberação dessas em anos posteriores.


O filme divide-se em cenas em que os jovens fogem da polícia, manifestam usando máscaras, picham muros e distribuem jornais militantes e cenas em que esses mesmos jovens precisam lidar com escolhas pessoais em momentos decisivos de suas vidas, tendo que optar entre a militância e os seus anseios individuais - carreiras profissionais, vontades das famílias ou países em que morar.
O personagem principal, Gilles, é um estudante do ensino médio em confronto com a tropa de choque do governo conservador. Gilles está constantemente dividido pelos seus anseios coletivos e individuais, representados respectivamente pela militância e pela dedicação à pintura e o gosto pelo rock. O protagonista também experimenta essa fragmentação e angústia na vida amorosa, dividindo-se entre atrações por duas diferentes mulheres, Laure e Christine. Laure busca a todo tempo viver intensamente o momento presente e desfrutar de liberdade e de prazeres. Christine é uma personagem politicamente engajada.
O filme aponta para a dualidade da vida nas várias cenas em que os jovens ficam diante de opções e precisam fazer as suas escolhas. Essa dualidade que permanecerá durante a trama e também o ambiente confuso que se instalará na vida dos jovens já são sinalizados no início do filme, quando em uma das cenas iniciais o professor cita um filósofo e diz que “entre o inferno e o nada há apenas a vida, que é a coisa mais frágil do mundo.”


Em uma conversa entre Gaulle e Laure, surge a questão: “Viver o presente ou se preparar para o futuro?”. O cotidiano do personagem e as suas inquietações no campo político, pessoal e amoroso refletem a existência de jovens confusos em uma época de constantes transformações sociais e ideológicas.
Quando Laure vai para a Inglaterra, Gilles começa um romance com Christine. Gilles decide ir com Christine para a Itália após um acidente com um vigilante provocado por um dos manifestantes do seu grupo. A viagem funciona como uma fuga individual do jovem no momento em que os anseios coletivos falham. Não só a viagem de Gilles à Itália, mas também as viagens ao Oriente feitas pelo casal amigo do protagonista e o uso de drogas por Laure e a sua turma parecem ser uma fuga individual desses personagens. Embora a busca por prazeres imediatos, o sexo, o uso de entorpecentes e a possiblidade de experimentação seja um reflexo do clima revolucionário de Maio de 68 e das liberdades alcançadas, esse hedonismo acaba funcionando, no pós-Maio de 1968, como refúgio de uma juventude em um período confuso e de constantes questionamentos.
Por outro lado, alguns personagens acabam conectando, conscientemente ou não, os seus anseios coletivos aos seus planos pessoais e profissionais, canalizando as suas inquietações no campo das artes, do cinema, da literatura ou da dança.
O filme trata da experimentação, das escolhas individuais dos jovens e da reverberação dessas no nível da coletividade. Se no início da trama é clara a relação de união existente entre os jovens - na escola e durante as reuniões e manifestações - à medida que os jovens adquirem clareza sobre o caminho que querem seguir, o grupo de amigos gradualmente se separa. As características individuais dos jovens ficam cada vez mais marcadas e as suas escolhas acabam impossibilitando-os de ficarem juntos. Essa separação entre os personagens ocorre de forma diluída na trama, não havendo um momento de ruptura.
Christine integra a um grupo na Itália que trabalha com uma linha de filmes revolucionários. Quando os idealizadores do filme exibem uma reflexão sobre as relações de trabalho, alguém da plateia questiona por que a linguagem do filme não é também revolucionária. Esse questionamento nos remete a reflexão sobre o fato de que, assim como o filme do grupo de Christine, os jovens do “pós Maio” apenas experimentam em partes o clima Revolucionário proveniente de 68, permanecendo confusos e divididos. Gilles e seus amigos não participaram das lutas de 68, apesar de serem fortemente influenciados pela herança da contestação e da experimentação.

Amanda Faluba

quarta-feira, 2 de março de 2011

Neoclassicismo

Neoclassicismo

O Neoclassicismo surge num contexto de profundas alterações na relação do homem com a natureza, podendo interferir e relacionar-se com ela de maneira mais direta. O desenvolvimento das rodovias e hidrovias são consequência desta mudança.
Outra mudança significativa ocorre na natureza da consciência humana. O homem adquire consciência da transitoriedade de seu tempo e dos diversos estilos, a partir de um pensamento reflexivo e de contestação da sua própria identidade. Começa-se então uma busca por autenticidade de estilo e o arquiteto volta-se para a Antiguidade. A Arqueologia ganha impulso nesta época e diversos estudiosos esforçam-se em compreender os diversos estilos clássicos. Surge então a contradição de opiniões à respeito de qual estilo poderia ser considerado autêntico - etrusco, romano, grego ou egípcio.
O Neoclacissismo dialoga com a cultura tanto nas construções de universidades, museus e bibliotecas , quanto nas próprias residências, enaltecendo a cultura da família. No edifício Neoclássico há uma valorização da parte frontal do edifício em detrimento das laterais, sendo evidente a bidimensionalidade como orientadora do projeto. O desenvolvimento da ciência aplicada à construção possibilita que os arquitetos trabalhem no limite dos materiais.
Na construção Neoclássica, a higienização dos espaços é um fator importante, sendo levadas em conta a circulação de ar e entrada de sol. Há uma setorização e parâmetros de localização dentro do edifícios, que divide0se em alas. É comum o uso de elementos religiosos, que são dessacralizados. A entrada de luz no edifício pode simbolizar a conexão com o divino.
O edifício neoclássico carrega a idéia da experiência arquitetônica como forma de levar moral ao homem. O capitel jônico, símbolo da pureza e da bondade cumpre esse papel em algumas edificações.
O Cenotáfio Piramidal de Boulée revela na ausência de ornamento aliada à pureza do objeto, o caráter do bom. na obra de Boulée, grandes volumes e o uso da geometria tenta passar uma mensagem ao indivíduo. Boulée tem uma postura antagônica às ideias de seu tempo. o objeto artístico é dotado de autenticidade. O projeto evidencia a transcendência da criação para além do papel, sendo o edifício pensado dentro do ambiente, o que é evidenciado pelos efeitos intencionais de luz e sombra.
Já na obra de ledoux identifica-se a poética do relativo. A arquitetura está pautada na na sensação e incorpora valores do iluminismo. Há um a busca por favorecer as relações sociais e proporcionar conforto aos indivíduos.
A cidade de Chaux, projetada pelo arquiteto após a revolução, com seu arranjo circular, proporciona pontos equidistantes do centro, aonde está localizada a fábrica de sal. A cidade incorpora a ideia de democracia e está referenciada na economia. Vários edifícios são pensados para atender as necessidades essenciais dos indivíduos, como o fórum, o templo da virtude, asil e locais para educação sexual e amorosa, entre outras edificação dentro e fora do circulo principal.

Amanda Faluba

O Movimento Eclético

O edifício eclético

O edifício eclético surge para atender as demandas de uma população crescente nas cidades. As habitações deveriam abrigar um número maior de pessoas, fazendo-se necessária a vericalização. É comum no edifício eclético a atribuição do primeiro pavimento à função comercial e do segunda à função residencial. No ecletismo cresce o número de aberturas na fachada. O desenvolvimento da siderurgia possibilita estruturas cada vez mais delgadas.
O movimento eclético é extremamente poliestilístico e, além da procura por fidelidade na reprodução dos mais diversos elementos, provenientes de diferentes épocas e culturas, existe o cuidado com a composição de elementos e com a relação destes com a função atribuída ao objeto arquitetônico.
Os novos materiais e o surgimento de técnicas inovadoras na construção possibilita a melhor articulação dos elementos e a inserção de novas características estéticas.
Na América, o movimento eclético praticamente não utilizou técnicas e materiais anteriores, prórpios da colônia. A mão de obra local teve que se capacitar para empregar os novos materiais através da prática da contrução. Além disso, a união entre engenharia e arquitetura, possibilitou a construção de edifícios em que a estética estava atrelada à função, sendo possível até mesmo preceber a função de um edifício través de seu caráter visual. A abertura de escolas técnicas foi responsável não só por essa possibilidade como também pela aplicação das nvas técnicas construtivas que surgiram na Europa, que possibilitaram o emprego correto dos materiais.
No ecletismo, em geral, as áreas molhadas incorporam-se ao edifício, passa-se a priorizar o telhado incorporado à platibanda e torna-se bastante comum acabamentos feitos sobre a própria argamassa.
Amanda Faluba

A Revolução Industrial e as tranformações urbanas causadas por ela

Revolução Industrial

A revolução Industrial desencadeia diversas transformações culturais, políticas, e socioeconômicas na Europa. As relações trabalhistas são influenciadas pelas ideias de livre mercado e o modo de pensar e viver da sociedade são influenciadas intensamente pelo pensamento iluminista, amplamente difundido após a Revolução Francesa.
Entre as inovações, é importante citar o avanço da agricultura, a qual recebera grade impulso com a invenção da semeadeira mecânica e com o melhoramento das estradas e dos transportes. No campo das construções, aos antigos materiais como a telha, o tijolo e a madeira, foram incorporados o ferro, o vidro e posteriormente o concreto armado. Já a indústria têxtil foi impulsionada pela mecanização da tecelagem e desenvolveu-se intensamente a partir da transição da energia à tração animal, para energia hidráulica e, posteriormente, energia à vapor. Neste mesmo contexto, mudanças bastante relevantes ocorreram no modo de produção de manufaturas, as quais anteriormente eram produzidas por corporativas familiares, frequentemente localizadas nas próprias habitações, e foram transferidas para as fábricas.
O desenvolvimento da siderurgia proporcionou a multiplicação das máquinas, a qual, por sua vez, resultou em uma grande diversificação dos produtos industriais. A distribuição destes produtos foi possível graças ao desenvolvimento dos transportes.
A ciência também diversificou-se e o avanço da medicina, amparada pela melhoria da produção agrícola, das habitações, e dos hábitos de higiene, entre outros fatores, desencadeou aumento significativo da população. Então, os acréscimos populacionais e o desenvolvimento da indústria passaram a estimular-se mutuamente. A produção aumentava com o intuito de atender a crescente população que precisava adquirir condições de habitação, vestuário e alimentação.
Entretanto, mesmo com as diversas melhorias, a Europa enfrentou problemas gerados pelo não planejamento das cidades para acolher as rápidas transformações do período. Houve concentração da população nas proximidades da indústria, aonde surgiram habitações precárias, como o cortiço, além de sérios problemas com acumulação de lixo. Isto gerou proliferação de doenças, tornando-se necessárias reformas sanitárias nas cidades. A melhoria das condições de vida desta população passou a ser motivo de preocupação pelas autoridades, influenciadas pelas ideias de democracia do Iluminismo.
Amanda Faluba

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Tema de pesquisa: UM OLHAR SOBRE A FAVELA

UM OLHAR SOBRE A FAVELA

Artigo:

Origem da favela e considerações sobre sua inserção na cidade do Rio


Origem da favela e considerações sobre sua inserção na cidade do Rio de Janeiro

Para se compreender os aspectos da favela e de seus moradores, deve-se compreender o seu processo de formação. De acordo com Licia Valladares, em seu texto “A gênese da favela carioca”, as primeiras discussões a respeito da pobreza urbana teriam surgido no século XIX. Nesta época, diversos profissionais aprofundaram os seus conhecimentos sobre as classes menos favorecidas com o intuito de descrever e propor medidas de combate à miséria e à pobreza. O foco principal destes profissionais recaiu inicialmente sobre a moradia, mais especificadamente, sobre o cortiço, apontado posteriormente como a origem das primeiras favelas.
A favela inicialmente era vista como um espaço de ocupações temporárias. Somente passando a ser reconhecida no cenário do Rio como um problema a partir do momento em que a elite e os intelectuais da época sentem a influência direta destas ocupações no espaço urbano em geral.

“[...]Os primeiros interessados em esmiuçar a cena urbana e seus personagens populares voltaram sua atenção para o cortiço, considerado no século XIX como o lócus da pobreza. [...] O cortiço era tido como antro não apenas da vagabundagem e do crime, mas também das epidemias, constituindo um espaço de ameaça às ordens social e moral.”
“Os estudiosos do cortiço no Rio de Janeiro mostram que esta forma habitacional correspondeu à “semente da favela”.
VALLADARES, Licia. (2000), “A gênese da favela carioca. A produção anterior às ciências sociais”. Publicado na Revista Brasileira de ciências Sociais – VOL. 15 nº 44

“construídas contra todos os preceitos de hygiene, sem canalisações d’agua, sem exgotos, sem serviço de limpeza pública, sem ordem, com material heteróclito, as favelas constituem um perigo permanente d’incendio e infecções epidêmicas para todos os bairros através dos quaes se infiltram.”
AGACHE, Alfred (1930), Cidade do Rio de Janeiro: extensão remodelação – embelezamento. (p. 190)
Rio de Janeiro, Prefeitura do Distrito Federal.

Portanto, essas preocupações com a população de baixa renda e com suas moradias surgiram paralelamente às políticas de saúde pública, saneamento e embelezamento do Rio de Janeiro, na qual se empenharam jornalistas, médicos, engenheiros e outros profissionais preocupados com o futuro da capital da República.
Para estes profissionais que primeiramente analisaram a favela, esta constituía um território de desordem social, antiestético, insalubre e sem saneamento. Além representar o berço do crime na cidade. Sabe-se que, nesta época, por não haver ainda estatísticas oficiais sobre o espaço e a população da favela, muitas destas descrições eram baseadas apenas na observação superficial do lugar. Posteriormente, a partir de 1949, data da publicação dos dados do Primeiro Censo das Favelas - realizado pelo IBGE e executado pelo Departamento de Geografia e Estatística da Prefeitura do Distrito Federal - os vários aspectos da população carioca das favelas puderam ser mais bem detalhados – qualidade de vida, renda, cargos ocupados, escolaridade, condições de saneamento, dentre diversos outros fatores. Estas características foram agrupadas por regiões da capital e puderam ser analisadas com mais cautela.
A partir destes dados também, a relação da vida econômica e social da capital, com a população de baixa renda, passou a ser estudada com base em informações mais precisas. Assim como foram colocadas em questão várias generalizações e opiniões públicas a respeito da favela – como, por exemplo, a afirmação de que seus moradores se apropriaram do território sem pagar nada por ele, ou a idéia de que a maioria dos moradores da favela não trabalha e que boa parte está ligada ao crime e ao vandalismo.

Como revela um dos resultados apurados pelo IBGE, com relação às categorias Socioocupacionais dos moradores das favelas do Rio:

0,8% dos moradores compõem a elite;
5,6 a pequena burguesia;
15,2 a classe média;
27,8 para Operário;
33,5 Proletários do Terciário;
17,1 compõem os Subproletários.
Fonte: Fundação IBGE. Censo Demográfico 1991.

(1)Elite: empresários e executivos dos setores público e privado e profissionais de nível superior; Pequena Burguesia: pequenos empregadores do serviço doméstico e comércio; Classe Média: Empregados em ocupações de rotina, supervisão, segurança, ensino básico e técnicos; Operários: Trabalhadores da Indústria e construção civil; Proletários do Terciário: Prtestadores de serviço e comerciários,
Subproletários: Trabalhadores domésticos, ambulantes e biscateiros.

Entretanto, antes mesmo destas pesquisas serem feitas, alguns profissionais já haviam tentado dissolver tais idéias e generalizações amplamente difundidas na mentalidade da população a respeito das habitações populares - como o engenheiro civil Everardo Backheuser, ao descrever o morro da Favella:

“[...]Alli não moram apenas desordeiros e os facínoras como a legenda espalhou; alli moram também operários laboriosos que a falta ou a carestia dos cômodos atira para esses logares altos, onde se goza de uma barateza relativa e de uma suave viração que sopra continuamente, dulcificando a rudeza da habitação.”
BACKHEUSER, Everardo. (1906, Habitações populares. Relatório apresentado ao EXM. Sr Dr. J.J Seabra, Ministro da Justiça e Nnegócios Interiores. Rioo de Jneiro. Imprensa Nacional.)


Também o jornalista João do Rio, ao descrever as condições de moradia no morro de Santo Antônio, já comentara o fato de muitas moradias, mesmo sendo extremamente precárias e assentadas sobre terreno irregular, serem adquiridas pelos moradores através da compra:

“[...]O certo é que hoje há, talvez, mais de quinhentas casas e cerca de mil e quinhentas pessoas abrigadas lá por cima. As casas não se alugam, vendem-se [...] o preço de uma casa regula de 40 a 70 mil réis.” Tôdas são feitas sobre o chão, sem importar as depressões do terreno, com caixões de madeira, folhas-de-flandres, taquaras.”
RIO, João do. (1911), “Os livres acampamentos da miséria”, in L. Martins (org), João do Rio (uma antologia), Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro/Sabiá.

A contraposição entre os pensamentos da população em geral a respeito da favela, difundidos na época, e o resultado das pesquisas feitas a partir do Censo das Favelas de 1941, nos faz pensar que as idéias dos cidadãos do Rio residentes fora da favela, sobre este espaço surgiram da observação superficial, ou estavam sustentados por constatações a partir de casos isolados. Posto que, o que as pesquisas revelaram é que boa parte da população da favela paga aluguel por suas casas, ou pagaram uma quantia por elas logo que se mudaram. E que a maioria dos residentes são trabalhadores, formais ou informais.
Essa primeira impressão da população sobre a favela pode ser explicada pelo seu impacto na paisagem da cidade. Por exemplo, um cidadão que nunca analisou a fundo as habitações populares e sua complexidade, ou alguém que nunca tenha lido sobre as origens das habitações populares, ao adentrar no espaço da favela, provavelmente, a enxergaria como um espaço diferenciado no interior da cidade. E talvez até alheio a ela. Poderia criar a ilusão de que a população da favela estaria, de certa forma, apartada da cidade. As habitações precárias assentadas sobre topografia irregular inseridas na paisagem organizada da cidade, poderia contribuir para esta impressão.
Porém, sabe-se que os moradores da favela se sociabilizam e estão inseridos no mercado de trabalho. O que está claramente evidenciado no filme “Santa Marta, Duas Semanas no Morro” (1987). O filme mostra, também, o desejo dos moradores de serem entendidos pela população da cidade em geral, como uma comunidade, aonde existem regras, aonde se faz política e aonde há cooperação. Constituindo um espaço social semelhante, em diversos aspectos, a espaços variados da cidade do Rio.

Amanda

terça-feira, 14 de julho de 2009

INTERVENÇÂO - Making of e Análise crítica do processo e do produto






















Intervenção - Trabalho da disciplina Plástica e expressão gráfica
1º período
Grupo: Sarah Coeli, Bárbara Groppo, Lucas Andrade, Tiago Cícero, Fernanda lima, Rebeca, Maria Clara, Amanda Faluba
Local Escolhido: Laboratório de Metais
ESCOLHA DO LOCAL
Após vasculhar vários locais da Escola de Arquitetura da UFMG, à procura de um local adequado no qual pudéssemos intervir, chegamos ao Laboratorio de Metais, uma sala isolada do resto da escola e que não é usada há alguns anos. Definimos que tal local atenderia às nossas espectativas devido, principalmente, aos diversos materiais que possuía e aos espaços vazios da sala, que revelavam grande potencial para que pudéssesseos transformar o espaço utilizando muitos dos seus próprios componetes. A presença de grandes máquinas na sala também nos chamou bastante atenção, sendo marcantes no ambiente e tornando-o bastante expressivo como um todo. Além do espaço das máquinas, havia outros cômodos ligados ao Laboratório - um escritório e um depósito. O escritório estava ligado à sala principal por uma abertura na parte superior de uma parede e, obviamente, por uma porta. O acesso aos outros espaços também se dava por portas.

O ponto de partida















Depois de termos definido que o Laboratório de Metais era o ambiente mais apropriado da EAUFMG para execução das nossas idéias, começamos as nossas primeiras discussões sobre o trabalho. As nossas considerações iniciais diziam respeito às dimensões do espaço escolhido e à demanda, neste sentido, da proposta de trabalho. Como ainda não tínhamos idéias concretas sobre o que faríamos para expor o que havíamos criado na Escola de Arquitetura (que era a proposta-chave da intervenção), não podíamos, ainda, definir de forma precisa os espaços a serem usados dentro do Laboratório. Mas precisávamos tomar alguns pontos de referência. Primeiramente pensamos em explorar o depósito de materiais, a sala principal do laboratório de metais e o escritório ao lado. A sala principal, aonde se encontram as máquinas, foi o ponto de partida para a realização do nosso trabalho. No decorrer das discussões, a questão mais abordada, e também a mais difícil para nós, a princípio, era encontrar uma maneira de articular o espaço de modo a fazer referência aos nossos trabalhos já realizados na escola de arquitetura e, ao mesmo tempo, interligá-los às máquinas. Sem tirar nenhuma conclusão definitiva à respeito desta questã, começamos a explorar os materiais disponíveis no Laboratório de metais, para que as idéias pudessem surgir aos poucos. Encontramos na sala metais de formatos variados, uma luminária, grandes placas, uma cabine e diversos componentes que foram de grande utilidade.
















Trabalhando sobre as máquinas


Primeira Máquina












Escolhemos uma das máquinas e sobre ela colocamos algumas placas de metais quadrangulares, encontrados isolados no próprio Laboratório. Debaixo das placas de metais, haviam desenhos de edifícios, feitos pelos integrantes do grupo, e enquadrados em molduras prateadas de papel. Para ver o desenho, o visitante devia puxar uma "alça" de metal da placa. Ainda nesta máquina foi aplicada uma proposta, mencionada pelo grupo já nas primeiras discussões, que era a de trabalhar com sons acionados através de sensores de luz. Surgiu, então, a idéia de instalar os sensores de luz embaixo das placas de metais. Assim, essas placas impediriam que a luz da sala atingisse os sensores. (Era interessante que os sensores não recebessem luz o tempo todo, mas somente quando "o circuito precisasse ser fechado". O resultado esperado era que quando alguém levantasse qualquer uma das placas os sons fossem ativados. Para isso, os sensores foram ligados a uma placa de teclado, na qual cada combinação de dois fios representa uma letra. Associando cada letra ativada, a um som diferente, no programa Processing, atingiu-se o que foi havia sido proposto - a ação de levantar determinada placa de metal estava interligada à ativação de um som específico. Em resumo: Sempre que alguém levantasse uma placa, o sensor de luz era iluminado, acionando uma "letra" no processing, que fazia tocar o som pré-determinado. Este som passou por um amplificador para que atingisse toda a sala. Essa proposta foi trabalhada desde os primeiros dias e para que fosse realizada foram necessários muitos testes, tanto com relação à programação, no processing, do acionamento dos sons, quanto com relação à iluminação adequada. Pois a luz direcionada à máquina deveria acionar todos os sensores e, ao mesmo tempo, estar em harmonia com o "padrão" de iluminação da sala - luzes concentradas nos pontos relevantes da intervenção.


















Segunda máquina








O que mais chamava atenção na máquina eram os rolos. Tivemos a idéia então de acrescentar um rolo à máquina com um desenho de outra parte da sala. O local escolhido para ser representado foi a cabine de comunicação com o outro grupo, com as linhas e o tablado de acesso à ela.


Terceira máquina




























Para fazer referência aos nossos trabalhos de História da Arte Antiga, fizemos maquetes de papel do Coliseu e Partenon. Então, colocamos as maquetes dentro de caixas retangulares. Estas caixas estavam cobertas internamente com papéis laminados e tinham uma das faces abertas, a qual estava presa à terceira máquina. As maquetes podiam ser vistas então por um orifício circular da máquina, de dois centímetros de raio. As maquetes eram iluminadas dentro das caixas por quatro leds, ligados a baterias. A luz vinda de dentro do orfício era perceptível ao visitante, que então tomava a atitude de olhar o que tinha lá dentro.



Comunicação com outro grupo

Uma das propostas da intervenção era que os grupos interagissem. Cada intervenção deveria dialogar com uma outra, proporcionando comunicação entre os espaços isolados EAUFMG. A comunicação do grupo do Laboratório de Mateais foi feita com o grupo que trabalhava nas escada da Escola. A comunicação acontecia na cabine do Laboratório, que ocupava espaço dentro da sala e não tinha função alguma. Decidimos receber os sons produzidos na escada, e enviar para o grupo da escada imagens em tempo real da nossa intervenção. Não era interessante para a nossa intervenção que o visitante entrasse dentro da cabine, como se entra numa cabine de telefone. Mas sim que pudesse ouvir os sons da escada, sem se "desconectar" do ambiente da intervenção. Este acesso direto à cabine foi impedido por barbantes prateados, fixados desde o alto da cabine até o tablado. Esses barbantes, ao mesmo tempo que delimitavam o espaço de acesso que queríamos, serviam para conduzir o visitante até o local aonde haveria a comunicação. Além disso, eram uma referência ao trabalho do grupo com o qual nos comunicávamos, os quais utilizaram barbantes para expor desenhos, fazendo também uma alusão aos pontos de fuga dos desenhos.


ILUMINAÇÂO



















A baixa iluminação se adequou bem ao ambiente do Laboratório e possibilitou que destacássemos as máquinas no ambiente, direcionando uma luz a cada uma delas. As luminárias que fizemos eram de madeira e as suas tampas, de papel paraná com um orifício, sendo que o orifício de cada luminária era diferente, pois deveria se adequar ao formato da máquina. As lâmpadas foram ligadas em paralelo, em grossos fios, os quais fixamos no teto.


Exposição de metais


Depois de termos decidido deixar a sala das máquinas inteiramente à mostra, recolhemos metais de formatos variados e decidimos expor na sala, sobre uma mesa, em um canto da sala que não havíamos utilizado. Entretando, era interessante que os visitantes não tivessem acesso à este local, pois poderiam se machucar com os metais ou com as máquinas de corte, embora estivessem todas desligadas. Impedimos esse acesso direto ao local colocando uma grade, e uma grande placa de metal quadrangular, entre os metais e o visitante. Uma luminária de metal, da própria sala, que haviamos consertado anteriormente, encaixou-se bem no "ambiente" montado. Os variados formatos dos metais, juntamente com a luminária ressaltaram os diversos formatos dos metais através das sombras produzidas na parede. Posteriormente, colocamos um espelho atrás da mesa de metais, para dar profundidade.




































Realidade Aumentada



O escritório ao lado da sala principal ficou reservado para a realidade aumentada. O material usado foi uma câmera, um computador e um projetor. Um cubo foi projetado na parede. Quando o visitante girava o papel, o cubo projetado fazia o mesmo movimento. Para facilitar o manuseio do papel, e torná-lo mais interessante, o fixamos em uma das máquinas. O manuseio de peças da extremidade da máquinha, fazia com que o papel girasse em vários sentidos.